Tempo de leitura: 5 minutos
Em tempos de pandemia, não bastassem a preocupação com a rápida disseminação global do vírus Covid-19 e os riscos à saúde, as incertezas de um futuro próximo (que não são poucas), e o isolamento inevitável e tão necessário neste momento, podem ainda proporcionar um grande desconforto emocional nos indivíduos, desencadeando ou agravando doenças psicológicas, tais como síndrome do pânico e até mesmo a depressão.
Como seres sociais que somos, temos a necessidade instintiva de nos socializarmos com outros indivíduos. Precisamos nos conectar e interagir com os nossos semelhantes, seja pessoal ou profissionalmente, para o bom funcionamento do nosso organismo e para nos sentirmos vivos, motivados, capazes e felizes.
Mas como continuar com o corpo e a mente sãos, quando somos obrigados a agir contra a nossa própria natureza?
Infelizmente (ou felizmente, já que ainda não temos certezas sobre os aprendizados que virão deste momento tão peculiar da humanidade), teremos que nos adaptar aos novos modelos de vida que nos são impostos.
Muitas informações são veiculadas diariamente sobre o assunto, nem sempre verídicas, e acabam disseminando ainda mais ansiedade e desespero na população. Claro que a informação é necessária, mas é preciso discernimento para não entrar em pânico. Tudo que é excessivo, é prejudicial, e nesse contexto, o “remédio” pode se tornar venenoso.
É preciso filtrar as informações e limitar o período de acesso a elas. O momento pede calma e atitude coletiva. Todos estamos no mesmo barco e passando por situações semelhantes de desconforto, em maior ou menor grau. E se o isolamento é necessário, precisamos fazer dele um momento de aprendizado. É hora de enxergar o lado positivo dessa situação e compreender que vivemos em uma era em que a tecnologia atua em nosso favor.
Mais do que nunca, temos meios de nos comunicarmos com outras pessoas de forma instantânea, seja por telefone, e-mail, mensagens, vídeos, aplicativos ou redes sociais. Podemos aproveitar esses recursos e nos mantermos conectados com nossos amigos, parentes e colegas de trabalho.
Ver o lado positivo deste momento também significa olhar para as novas possibilidades. Novas formas de trabalho, novos hábitos, novas ideias para contornar o imprevisível. E é disso que precisamos agora: de criatividade para novas perspectivas.
Assim como evitar a sobrecarga de informações, também é necessário evitar a inatividade. Deixar de fazer as atividades rotineiras por completo ou manter-se inerte por um longo período pode causar desânimo ou ansiedade. O ideal é que haja equilíbrio entre as atividades e o descanso.
Nosso corpo precisa o tempo todo de pequenos prazeres para se manter ativo, saudável e engajado. Um dos neurotransmissores mais famosos do nosso sistema nervoso é a dopamina. Ela é conhecida como o neurotransmissor do prazer, pois age no nosso organismo provocando sensação de bem-estar. Essa substância é liberada durante a prática de exercícios físicos, quando nos alimentamos com algo apetitoso e nas pequenas conquistas diárias, dentre outras situações.
A dopamina também melhora a memória, o humor, a cognição e a atenção; controla o apetite, o sono, as funções mentais e motoras; combate a ansiedade e a depressão e está relacionada com a capacidade de superação de desafios, gerando, assim, motivação.
É necessário e prazeroso sentir-se produtivo neste momento, seja mantendo atividades do trabalho, ou desenvolvendo habilidades pessoais. Talvez seja a hora de aprender uma nova língua, aprender a tocar um instrumento, organizar a casa, inventar novas receitas, meditar, estudar, ler bons livros, buscar novos conhecimentos ou aproveitar o período para descobrir novos talentos.
Não importa como. O que vale é encontrar atividades que possam ser executadas em casa para aliviar o desconforto do isolamento e para preencher o tempo. E isso vale para todas as pessoas e para todas as idades.
Estabelecer rotinas diárias e a divisão de tarefas entre os membros do núcleo familiar são importantes neste momento, especialmente para quem está trabalhando em casa e ainda precisa cumprir as tarefas domésticas.
Nem sempre é fácil entreter as crianças e os adolescentes neste período de pouca mobilidade, porém é preciso conscientiza-los da situação, para que todos cooperem. E aqui, mais do que as palavras, vale o exemplo que se transmite. Pais ansiosos ou desanimados tendem a refletir o mesmo sentimento para seus filhos.
É necessário que cada um de nós tenhamos consciência do nosso estado emocional para que possamos trocar experiências e sentimentos com os nossos entes próximos e amigos. Uma boa conversa pode ser uma das formas de aliviar o estresse e entender que todos estão passando pelo mesmo momento.
Além das crianças, os idosos, pessoas com deficiências, pacientes com baixa imunidade e doenças crônicas devem ser ouvidos e priorizados, pois têm perspectivas e necessidades peculiares.
E para quem mora sozinho e não divide o espaço físico com outras pessoas, é importante manter-se conectado, ainda que virtualmente, com amigos, parentes ou colegas de trabalho para dividir os sentimentos e pedir ajuda, caso necessário.
Paciência, empatia e resiliência são imprescindíveis. Todos nós precisamos entender que o momento é passageiro, que as regras coletivas precisam ser cumpridas para o bem de todos e que há necessidade de um elevado espírito de colaboração e apoio mútuo.
Espero que essas dicas lhe inspirem.
Um abraço (virtual, mas com carinho)!