Psicologia Positiva: a ciência do bem-estar

Psicologia Positiva: a ciência do bem-estar

Tempo de leitura: 7 minutos

O que para você significa ter qualidade de vida?

Trabalhar menos, ter mais tempo com a família, um relacionamento estável, filhos… ou, talvez, atingir melhores resultados profissionais, ganhar mais dinheiro, ter hábitos saudáveis, estar em contato com a natureza, sair com os amigos, evoluir espiritualmente, contribuir com o mundo, ou tudo isso junto e misturado?

Suas respostas certamente dependerão das influências culturais, das experiências de vida, do ambiente familiar e profissional, enfim… da sua realidade de vida.

Eventuais desequilíbrios enfrentados nas mais diversas áreas da vida acabam limitando diretamente o crescimento profissional, pessoal e podem desestabilizar o seu controle emocional.

E por isso é fundamental que tenha clareza sobre o seu estado atual, e sobre os aspectos que talvez precise melhorar para que a sua vida esteja em sintonia com seus sonhos e objetivos.

Entender o que é Psicologia Positiva pode lhe ajudar muito a abrir os caminhos para melhorar a sua qualidade de vida e a conquistar um estado de bem-estar mais duradouro e autêntico.

O que é Psicologia Positiva?

Por muito tempo a psicologia tradicional esteve focada em tratar as doenças da mente e os estados de desordem que afligiam as ideias e emoções do ser humano, observando o problema em si.

Contudo, muitos especialistas da área começaram a defender a necessidade de se observar não apenas o lado obscuro da mente, como também os aspectos positivos das emoções e dos comportamentos. Estes psicólogos acreditavam que ao acessar aspectos positivos da consciência humana, poderiam ajudar as pessoas em seu tratamento ou mesmo no processo de cura de sua doença. Ali estavam nascendo também ideias importantes que no futuro dariam origem e maior sustentação à Psicologia Positiva.

A Psicologia Positiva é um movimento científico que conta com pesquisadores no mundo inteiro, que buscam comprovar que o ser humano pode ser mais feliz e ter melhor qualidade de vida explorando aspectos positivos na forma de pensar, de agir e em seus relacionamentos.

Esse movimento teve início no final da década de 1990, quando Martin Seligman, um dos principais expoentes da área, foi presidente da Associação Americana de Psicologia (APA).

Depois de ter dedicado anos de sua carreira ao estudo das desordens mentais, como a depressão, Seligman passou a defender veementemente o reconhecimento e a aplicação da Psicologia Positiva. Um dos marcos deste momento de transformação foi o lançamento do seu livro “Felicidade Autêntica” (2002), onde apresentou seus primeiros estudos e comprovações sobre a Teoria da Felicidade.

Na publicação, o autor defendia que a felicidade era algo essencial e, como tal, deveria ser cultivada todos os dias por meio das forças e virtudes e de ideias e atitudes de: otimismo, gentileza e bom-humor. Para ele – “A psicologia deveria possibilitar muito mais do que somente reparar o que está errado, devendo identificar e nutrir o que existe de melhor nos indivíduos, para que o reconhecimento das virtudes humanas possa contribuir para a prevenção das patologias e dos danos”.

Importante ressaltar que a Psicologia Positiva não desmerece, nem ignora a existência de transtornos, doenças ou desordens psicológicas. Porém foca o seu olhar na necessidade de tratar os distúrbios mentais sem negligenciar os aspectos positivos da mente humana e dos comportamentos.

Seu objetivo central era buscar nas vivências e experiências das pessoas aspectos positivos que lhes ajudassem a ter maior qualidade de vida, bem como a entender e lidar melhor com suas emoções, se relacionar mais positivamente com as pessoas ao seu redor e a observar suas forças e qualidades sob uma perspectiva mais otimista.

Os 5 elementos da Psicologia Positiva

Em seu livro “Florescer” (2011), Martin Seligman apresenta uma nova definição da Psicologia Positiva, que passa a ter como objeto o bem-estar e não mais a felicidade.

O principal objetivo na abordagem anterior era aumentar o nível de satisfação com a vida e, nessa nova abordagem é aumentar o florescimento das pessoas, levando o despertar para um modo de vida mais adaptativo e com a presença de emoções positivas como bom humor, esperança, resiliência e otimismo.

A nova teoria nasce pela percepção de três deficiências fundamentais na teoria anterior:

  • o termo “felicidade” é muito restrito, por estar ligado a um estado de espírito momentâneo de “boa disposição”;
  • pesquisas constataram que as pessoas, ao se referirem à satisfação com a vida, estão falando muito mais sobre o seu estado de humor momentâneo, do que com um julgamento crítico sobre a sua própria vida, podendo o resultado variar de uma semana para outra, a depender das situações vividas no período;
  • observou-se que “emoção positiva”, “engajamento”, “relacionamentos positivos”, “sentido” e “realização” são fatores que as pessoas buscam por si mesmas, sem a necessidade de nenhum ganho secundário. Percebe-se, então, que a Psicologia Positiva é algo criado por tais elementos, que juntos o constituem, mas que não o definem quando tomados isoladamente.    

No novo enfoque da ciência do bem-estar, Seligman apresenta esses cinco elementos centrais que embasam o modelo conhecido como PERMA:

1. Positive Emotion (Emoção Positiva);

2. Engagement (Engajamento);

3. Relationship (Relacionamentos);

4. Meaning (Propósito/Sentido);

5. Accomplishment (Realizações).

Emoção Positiva

As emoções positivas são pensamentos e ações responsáveis pelas sensações de alegria e prazer, que servem de combustível para que possamos sonhar, planejar e realizar qualquer coisa em nossa vida.

Quando acreditamos positivamente em nós mesmos ou em coisas boas que possam nos acontecer, nosso corpo libera uma carga de hormônios naturais como: dopamina, serotonina, endorfina e ocitocina, que fazem com que nos sintamos bem, dispostos e confiantes. Essas substâncias também nos ajudam a ter mais foco, a desempenhar com mais qualidade as nossas atividades, aumentam a nossa criatividade e fortalecem nossas relações interpessoais.

Engajamento

Para o psicólogo húngaro, Mihaly Csikszentmihalyi, um dos criadores da Psicologia Positiva ao lado de Martin Seligman, este engajamento seria representado por um estado de atenção plenamente focada, também conhecido como estado de “flow”.

Flow em português significa fluxo. É aquela sensação que o tempo voa quando estamos envolvidos, realizando alguma atividade que gostamos de verdade. E quando realizamos algo em estado de flow, estamos, de alguma forma, explorando e externando algum de nossos talentos ou preferências.

Portanto, para ter uma vida mais realizada é fundamental identificarmos, consciente e inconscientemente, quais são as atividades e os momentos que nos deixam mais confiantes, produtivos, engajados, concentrados e felizes.

Relacionamentos positivos

Como seres sociais que somos, temos a necessidade de interagirmos com outras pessoas, de criar vínculos e gerar conexões, para satisfazer o nosso sentimento de pertencimento a um grupo, uma tribo. Quanto mais positivas e construtivas forem estas relações, seja no âmbito familiar, social ou profissional, mais positivas serão também nossas emoções, ideias e comportamentos.

Propósito / Sentido

Para Seligman, o propósito é aquilo que nos conecta “a algo maior”, o que dá sentido à nossa existência. É algo que nos preenche e que, inclusive, pode nos prevenir de distúrbios como a depressão, por exemplo. Suas pesquisas demonstraram que os indivíduos com seu lado espiritual mais bem desenvolvido acabam tendo também uma vida com mais significado.

Em relação às nossas atividades diárias, também é essencial que façam algum sentido em nossas vidas e possam transformar tanto a nossa existência, como a vida dos outros para melhor. Quando alcançamos este patamar, aquilo que fazemos diariamente ganha um brilho especial e nos tornamos mais felizes.

Realizações

Nossas conquistas e realizações nos proporcionam crescimento e transformação. São através delas que nos convencemos que somos capazes de encarar desafios e superar obstáculos. Portanto, para atingir o bem-estar, o ser humano precisa realizar e se orgulhar dos seus resultados.

Quando temos clareza sobre os nossos desejos e objetivos, dedicamos com mais afinco a nossa energia e o nosso tempo para realizarmos os nossos sonhos.  E quando realizamos, reforçamos a nossa autoconfiança e autoestima, nos sentimos mais gratos e, consequentemente, alcançamos a sensação de plenitude.

Nossas vitórias ainda podem inspirar outras pessoas a seguirem o mesmo caminho e a darem o melhor de si para realizarem seus próprios objetivos, o que fortalece o bem-estar de todos.

Um abraço!

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